segunda-feira, 27 de junho de 2011

Adaptações rítmicas - “Drum and Bass”

 A música brasileira, caracterizada por sua diversidade de ritmos e estilos surgiu a partir de misturas feitas entre os séculos XVI e XVIII. Com cantigas populares, sons de origem africana, e batuques tribais indígenas, a música brasileira foi ganhando um formato próprio e se renovando o cada século.

Renovação esta que pode ser destacada a partir do século XX, com o surgimento do Samba, da Bossa Nova e da MPB - estilos que traduziam o contexto sociopolítico de cada época, quando criados. Com suas composições, arranjos, melodias e ritmos característicos, tais estilos sobreviveram há dezenas de gerações e hoje fazem parte de um cenário musical eclético, tendo importância primária na base estrutural do mesmo.

Neste cenário em que nos encontramos, de diversidade sonora e invenções rítmicas,  observa-se a extrema ligação dos jovens com músicas de entretenimento, dançantes - mas sem fazer com que estilos diferenciados entrem em decadência. Sabendo disto, muitos músicos, para atenderem a esse mercado de jovens que se interessa por ritmos mais acelerados, fazem adaptações, releituras de músicas passadas que foram consagradas.
BOSSA CUCA NOVA

Assim os faz: Fernanda Porto, Karla Sabah, o grupo “BossaCucaNova”, e vários outros, que juntamente com DJ´s como Patife, Marky, e Bruno, realizam um trabalho de junção do ritmo “Drum and Bass” (bateria e baixo), com os estilos de “base”: samba, bossa e Mpb. 

O som mecânico realizado pelo “Drum and bass” surgiu a partir do “Jungle” (ritmo vindo dos guetos londrinos) e incorporou junto a este, elementos musicais como electro, funk, hip hop, house, jazz, metal, pop, reggae, rock e trance, formando assim, um ritmo de batidas rápidas, próximas a 170 BPM (batidas por minuto). 

Além de atender ao novo mercado, esta renovação da música no século XXI faz com que gerações atuais conheçam canções que marcaram a história da música brasileira.

FERNANDA PORTO
Outro lado, porém, é discutido quando se fala em adaptações: a perda de originalidade. Em termos técnicos a música se compõe de letra, arranjo, melodia e ritmo. Ao acrescentar, por exemplo, um ritmo mecânico à bossa nova, a música ficará mais acelerada, com marcações de tempo sinalizadas – o chamado “batidão eletrônico” – contudo, sem retirar os instrumentos de base que anteriormente por si só davam ritmo à música, e principalmente, sem mudar a melodia inicial da canção. Analisando dessa forma, discordar da afirmação acima ficaria mais fácil.

Quando se escuta nas rádios populares: “Só tinha de ser com você” de Tom Jobim, adicionada ao Drum and Bass, ou mesmo “Roda Viva” de Chico Buarque, “Sampa” de Caetano Veloso, observa-se a diversidade de público que essas adaptações atingiram. Pessoas que anteriormente não conheciam ou não se interessavam por essas músicas, hoje, ouvem e dançam também em boates.

Partindo desse pré-suposto pode-se dizer que essas adaptações tendem à valorização dos estilos passados, modernizando-os de forma a torná-los eternos, sem ignorar a versão original.

Considerando todos os argumentos, não se pode ignorar o fato de que a música é feita para o povo, que tem opinião e gostos pessoais. Sendo a adaptação algo inovador e moderno, atingirá o publico que se identificar com a mesma, e receberá rejeições de outros, como toda nova criação esta sujeita a receber.

O interessante é compreender que a música está dentro desse ciclo de renovação intensa, e que para se realizar precisa indiscutivelmente da influência de outros estilos. 
   
  • Confira o vídeo da música:
"ESSA MOÇA TÁ DIFERENTE", DE CHICO BUARQUE NA VOZ DE SIMONINHA 
COM A BOSSA CUCA NOVA

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Fernanda Buére