sexta-feira, 1 de julho de 2011

BLUES e SAMBA: alguma semelhança?


UMA BOA PEDIDA
Dois documentários para assistir e se arrepiar com o BLUES norte-americano
e se divertir com o SAMBA de Bezerra da Silva



Lightning in a Bottle (A História do Blues),
de Martin Scorsese
Onde a Coruja Dorme,
de Marcia Derraick e Simplício Neto
























Em um contexto histórico de herança musical afro-americana, escravagista, surgem duas vertentes de estilos musicais: o blues, nos Estados Unidos e o samba, no Brasil.

 Perceber essas expressões em ambiente contemporâneo - seja o blues, nos palcos dos shows para centenas de espectadores e o samba, nas rodas entre amigos em botecos suburbanos, exige primeiramente uma compreensão da linguagem dessas tribos. Assim como escravos utilizavam gírias, códigos de linguagens para comunicarem entre si - com o intuito de proteger o grupo, reconhecer seus integrantes e se unir - observa-se tal característica nas expressões do linguajar do blues e do samba.


Considerada como "sambandido" por narrar histórias da vida cotidiana de compositores dos morros cariocas e da baixada fluminense, a música de Bezerra da Silva - estudada no documentário Onde a Coruja Dorme – comunica-se de forma a expressar as gírias e os códigos de linguagem dessa cultura. Precisa-se então, de um esclarecimento para que a pessoa que não está inserida neste grupo entenda as letras. A dificuldade de compreensão pode gerar o preconceito de alguns, ao entender, por exemplo, que o “malandro” é bandido e o “mané” é o responsável e honesto.

ROBERT LEROY JOHNSON - Blues
Este preconceito é relatado também em Lightning in a Bottle. No documentário, no qual a história do blues é contada, observa-se a evolução do estilo sempre acompanhada de preconceitos da cultura branca ocidental. Desde seu surgimento, cantado durante os trabalhos nas plantações de algodão para aliviar a dureza do dia-a-dia, “enquanto os negros soltavam suas emoções, os brancos viam o lado prático da coisa. Para os fazendeiros, as work-songs (canções de trabalho) ajudavam a imprimir um ritmo ao trabalho no campo e deixavam os escravos mais alegres”. (PEIXOTO, 2005). 


O modo mais pessoal de expressar sofrimentos, angústias e tristezas é evidente no blues, tanto em seu ritmo, sensual e vigoroso, quanto na simplicidade de suas poesias.

Enquanto no estilo norte americano contemporâneo observa-se este modo individual de criar e contar sobre o cotidiano do artista, os músicos e compositores de samba compõem e criam suas melodias coletivamente, em ambiente comunitário e descontraído. Pode-se considerar como divergência geradora deste fato os objetivos de cada artista. 

BEZERRA DA SILVA E OS ARTISTAS 
DO MORRO
Em Lightning in a Bottle, pode-se observar que o músico que toca o blues visa um objetivo midiático, expressar sua composição para fãs. Tem-se assim a necessidade de uma valorização autoral de suas músicas. Ele vive de música, como seu sustento e reconhecimento. Já o os compositores abordados no Onde a Coruja Dorme, do samba, não vivem da música. Possuem em sua maioria um emprego fixo e canta por prazer em seus horários de lazer, na mesa de um bar com os amigos. São os compositores anônimos dos morros cariocas. Bezerra da Silva seria então o intermediário da midiatização dessas composições desses autores, que segundo ele “são os verdadeiros compositores”.

A narração da cultura e história através da música, com humor, ironia, e uma perspicácia que nos permite refletir sobre a condição humana, são características de ambas as vertentes musicais. Como se houvesse mais verdade nessas músicas do que em qualquer livro de história sobre a América.

                                                               


ASSISTA O DOCUMENTÁRIO 


 ASSISTA ROBERT JOHNSON
  • Dead Shrimp Blues 

ASSISTA JOHN LEE HOOKER 
  • Hobo Blues 


 ASSISTA BEZERRA DA SILVA
  •  Sequestraram minha sogra